Foto: Reprodução internet
*Sebastião Alvino Colomarte
A questão da desigualdade em nosso País está sendo evidenciada pela campanha “Que Brasil você quer para o futuro? ”, veiculada por emissora de televisão pela qual o telespectador apresenta sua percepção das desigualdades e do que pode ser feito para combatê-las. A maioria dos depoimentos pede menos corrupção e mais: saúde, educação, cuidado com o meio ambiente e tolerância entre as pessoas.
O tema educação está entre os mais citados. A dicotomia entre igualdade e desigualdade no ensino costuma ser relativizada pelos nossos governantes e legisladores, através de leis e decretos, mas isso não é suficiente para eliminar esse fosso.
Sabemos que os investimentos no setor da educação são elevados. Entretanto, o governo é incapaz de implementar planejamento estratégico eficiente e que ofereça mais igualdade no o e na qualidade da educação, como ocorreu em países como Finlândia e Coreia do Sul, por exemplo.
Os motivos e as dificuldades para combater a causa dessa desigualdade são muitos. E um dos caminhos poderá ser investir na formação e qualificação do docente para se ter um ambiente escolar estruturado. É um bom começo e servirá para atrair os alunos.
O preparo do professor e os recursos disponíveis para realizar seu ofício devem ser adequados para a região onde ele está inserido. Transporte, merenda e material escolar de qualidade também devem atender às necessidades dos alunos.
Recursos e tecnologia para equilibrar interesses do mundo da educação com o do trabalho são vitais. Mas não adianta levar tecnologia avançada para uma região cujas escolas não dispõem, às vezes de banheiros adequados e nem mesmo telhado. É claro que esses alunos não terão condições de assimilar o aprendizado.
Deve-se ter em mente que a nossa Constituição, no seu artigo 5º, diz que “todos são iguais perante a lei”, mas, na prática, esta não é a realidade. Urge iniciar essa transformação pela educação infantil e pelo ensino básico e isso será um desafio para toda a sociedade e um longo caminho a ser trilhado. É bom lembrar que uma escola não precisa ser, necessariamente, sinônimo de ostentação, mas que essa deverá promover uma educação digna e decente.
O governo gasta milhões de reais com o ensino superior. Por que não destinar também parte para o ensino básico? O ensino superior é fundamental, mas é preciso dividir melhor o bolo. É claro que há necessidade de mudanças na lei, mas falta boa vontade do governo em propor uma melhor distribuição dos recursos e das responsabilidades. Na verdade, a educação em nosso país carece de um projeto estratégico de estado e não um projeto de governo.
Nós, como cidadãos, não podemos nos omitir. Temos o direito e o dever de cobrar do governo iniciativas daqueles que se comprometem com a causa da educação e são eleitos com essa promessa.
Estamos numa excelente oportunidade para ajudar o País a encurtar o imenso abismo existente na formação de nossos jovens. Devemos exigir que a distância entre os desiguais seja reduzida, mas de forma planejada e duradoura. Como brasileiro e educador eu acredito nisso. O educador precisa ser valorizado e ter orgulho de sua profissão.
Não podemos itir que coexistam escolas de primeira e segunda classes. Nossos estudantes têm o direito de receber um ensino de qualidade, independentemente de cor, credo ou estrato social. Muito são os caminhos para combater essa desigualdade: vamos começar pelo professor?
*Sebastião Alvino Colomarte
*Professor, superintendente-executivo do Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais e diretor da AC Minas
*Professor, superintendente-executivo do Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais e diretor da Associação Comercial e Empresarial de Minas
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