O secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais, Fernando Marcato, visitou Contagem, na quinta-feira (10), à convite da Associação Comercial e Industrial de Contagem - ACIC. O responsável em dar celeridade ao projeto do Rodoanel Metropolitano, se deparou com protestos contra a obra viária, na frente da entidade empresarial.
O advogado paulista Fernando Marcato, com grande experiência em construção de rodovias por meio de parcerias público-privada (PPP), está com uma agenda de visitas a empresários das cidades, ao longo do traçado Rodoanel.
O secretário disse que a visita à ACIC, foi para debater o projeto do Rodoanel Metropolitano, detalhar todas as etapas do projeto, explicar os aspectos técnicos que determinaram a escolha do traçado, diretrizes e também para esclarecer eventuais dúvidas dos empresários de Contagem.

Foto: ACIC
“Temos convicção que com a construção do Rodoanel, o Anel Rodoviário terá o tráfego desafogado, principalmente dos veículos pesados. Os caminhoneiros serão obrigados a trafegar pelo Rodoanel e o valor do pedágio poderá ter descontos para os veículos que utilizarem frequentemente a nova rodovia”, defendeu Marcato. Ele também vê com normalidade, o processo de licitação para definir quais empresas executarão o projeto, antes da apresentação dos impactos ambientais e o devido licenciamento.
Antes da reunião, ao entrar no prédio da entidade, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Contagem - ACIC, Dr. Ricardo Augusto Gontijo Vivian, disse que a visita do secretário de Estado é importante e necessário para explicar o projeto do Rodoanel para os empresários associados. A entidade não permitiu o o da imprensa e não emitiu nenhuma nota sobre o pós evento.

Foto: ACIC
Pelas redes sociais, a entidade empresarial afirmou que “o Rodoanel é a maior obra de infraestrutura da Região Metropolitana com impacto positivo para a cidade, vai gerar milhares de empregos e um novo ciclo de desenvolvimento econômico para Contagem e todo Estado de Minas Gerais, além de desafogar o trânsito, potencializar a mobilidade e tráfego da RMBH”.
O protesto
Um grupo formado pelos Movimentos SOS Vargem das Flores, Saúde e Solidariedade, Pró-Vargem, Boi Rosado Ambiental, Cidade Sustentável, Coletivo Conectando a Cidade, Cozinha Solidária do Ipê, MTST e Psol marcou presença em frente da ACIC com cartazes e faixas.

Segundo os manifestantes, o secretário Fernando Marcato veio à Contagem falar sobre as oportunidades de negócios que virão com a construção do Rodoanel.
“No início da pandemia, os empresários da ACIC fizeram parte da campanha Pacto pela Vida criada pela Prefeitura de Contagem. Agora se os empresários apoiarem a construção do Rodoanel, estarão contribuindo para a morte da represa Vargem das Flores e que pode colocar em risco a vida da população. Além disso, os recursos que serão usados na construção da rodovia, virão do acordo entre a Mineradora Vale e o Governo Zema. Trata-se de um dinheiro sujo de lama e de sangue, que deveria ser aplicado na reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de rejeitos de minério, em Brumadinho e região. O crime da Vale matou 272 trabalhadores, destruiu a fauna, a flora e a vida dos povos que vivem às margens do Rio Paraopeba. Três anos depois, ninguém foi condenado”, lembrou a representante do movimento SOS Vargem das Flores, Cristina Oliveira.
Dezenas de empresários e autoridades participaram da reunião com o secretário Fernando Marcato. O encontro durou horas e nenhum convidado quis se posicionar acerca do projeto do Rodoanel Metropolitano.

Usando um carro de som, os manifestantes protestaram dizendo que os empresários associados da ACIC não se importam com a possível demolição de casas do bairro Nascentes Imperiais e em outros 15 bairros de Contagem, não se importam com os riscos de secar os mananciais que abastecem a represa Vargem das Flores ou se a obra irá destruir o resto das reservas de Mata Atlântica do município.
“Querem rasgar nossa cidade mais uma vez para construir uma estrada que terá mais de 100 km e pedágio de 0,35 por km rodado, o preço mais caro do país. Esta obra vai tirar nosso direito de ir e vir, o sono de centenas de pessoas, que, a qualquer momento, receberão a visita de assistentes sociais para notificar a demolição das casas onde residem há décadas. A atitude dos membros da ACIC, justifica os outdoors pagos pelos empresários locais e instalados na cidade, em 2018, para comemorar a aprovação da revisão do Plano Diretor, que pôs fim às áreas rurais de Contagem”, reclamou a professora.
Impactos do Rodoanel
A obra do Rodoanel de São Paulo iniciou em 1998 e até hoje não foi concluída. A obra paulista afetou os reservatórios d’água, causou insegurança hídrica e colocou o Estado em constante alerta de racionamento.
“Em Minas, se a obra do Rodoanel Metropolitano se concretizar, ajudará a secar as fontes que abastecem a Região Metropolitana de Belo Horizonte - RMBH. Acreditamos que o Rodoanel e a mineração causarão o racionamento d’água. Se o Rodoanel não for interrompido, este será o legado do Governo Zema”, enfatizou.
Na última semana, a prefeita Marília Campos (PT), acionou o Ministério Público para pedir a suspensão do edital para construção do Rodoanel.
“Mesmo assim, o secretário Fernando Marcato veio falar para os empresários, a convite da ACIC, atropelando o posicionamento da prefeitura. Esta reunião foi uma afronta ao povo de Contagem. Nossa cidade não está à venda, não bebemos estrada, não trocaremos água e moradia pela rodovia. Não concordamos com o modo do Zema de governar e dizemos que o secretário Fernando Marcato, não é bem vindo à Contagem”, finalizou a professora Cristina Oliveira.
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